quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

No São Paulo, Gomes não conseguiu provar que era mesmo o perfil ideal

Treinador começou bem com arrancada no nacional, em 2009, chegando perto da taça. Em 2010 decepcionou no Paulista e teve problemas de saúde


Ricardo Gomes e Rogério Ceni, São Paulo
Gomes na despedida do São Paulo
(Foto: Divulgação / site oficial do São Paulo)
Anunciado como o novo treinador do Vasco, Ricardo Gomes teve como último trabalho o comando do São Paulo entre 2009 e 2010. Em um ano, mostrou momentos bons e ruins. Conseguiu alavancar o time no Brasileiro de 2009, acabando em terceiro. Mas, em 2010, amargou a eliminação nas semifinais da Libertadores para o Internacional, ficou sem o Paulistão e saiu de cena em agosto, ficando fora do mercado até acertar com a equipe carioca. Educado e bom de papo, Gomes tinha o perfil do clube da capital paulista. Mas não conseguiu traduzir sua grande simpatia em resultados melhores. Ele acumulou 38 vitórias, 15 empates e 20 derrotas à frente do Tricolor.
Quando o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, consolidou a saída de Muricy Ramalho do clube, no dia 20 de junho de 2009, anunciou imediatamente a solução: Ricardo Gomes. O time havia acabado de ser eliminado da Libertadores nas quartas de final, diante do Cruzeiro, e Muricy, após três anos e meio de casa, não tinha mais o apoio necessário. A diretoria queria um treinador com atitudes diferentes, mais polido, e apostou no ex-zagueiro da Seleção Brasileira.
Apesar de não ter no currículo um título nacional, Ricardo Gomes chegou perto dele pelo São Paulo. Encontrou o time em 16º lugar do Brasileiro, muito pelo fato de a prioridade ter sido sempre a Libertadores. E arrancou até o topo. Sim, o Tricolor chegou a ser líder a quatro rodadas do fim. Mas a fatídica derrota por 4 a 2 para o Goiás, na penúltima rodada, tirou a chance de o treinador colocar a mão na taça, que acabou na Gávea, com a conquista do Flamengo.
Ricardo Gomes São Paulo
Ricardo Gomes pegou o São Paulo na 16ª posição e chegou ao
 topo, mas tropeçou no fim (Foto: Ag. Estado)
A decepção foi grande, mas a vaga na Libertadores estava garantida. E foi pensando nela que o técnico começou 2010. Esse pode ter sido o grande erro de Gomes. Muricy já havia priorizado a competição continental em 2009 e ficado sem nada. Aconteceu o mesmo com ele.
No estadual, o time perdeu todos os clássicos. Inclusive foi eliminado pelo Santos, nas semifinais, com duas derrotas. Também foi derrubado pelo mesmo Peixe na primeira fase e caiu diante de Palmeiras e Corinthians. Para piorar a situação, o técnico deu um susto ao sofrer um pequeno AVC após o revés por 2 a 0 diante do Verdão, no dia 22 de fevereiro. Ele foi internado e afastado temporariamente por cerca de duas semanas. Milton Cruz assumiu suas funções. Gomes voltou na vitória por 2 a 0 sobre a Ponte Preta, no início de março.
muro do são paulo pixado contra ricardo gomes
Protestos contra Gomes no muro do CT tricolor
(Foto: Carolina Elustondo/Globoesporte.com)
A eliminação no Paulista abalou um pouco o trabalho do treinador. Pessoas de dentro do clube e torcedores não estavam muito satisfeitos com suas escolhas para a equipe. Os improvisos nas laterais – Jean pela direita, e Richarlyson pela esquerda –, trocas constantes no ataque e um futebol instável não eram bem recebidos pelos são-paulinos. Inclusive pelos jogadores. Washington reclamou da reserva e foi multado em 20% do salário.
A impopularidade de Gomes se confirmou quando o Tricolor garantiu a classificação em primeiro lugar no Grupo 2 da primeira fase da Libertadores: naquela ocasião, apesar da vitória sobre o Once Caldas (COL), Gomes foi vaiado no Morumbi quando decidiu fechar o time colocando Jean no lugar de Fernandinho. Washington, que nunca gozou de muito prestígio com a torcida são-paulina, passou a ter apoio nesta partida e foi colocado no segundo tempo, após muita pressão dos torcedores.
Nas oitavas, o time passou pelo Monterrey, do México, e só voltou a agradar a torcida nas quartas de final, quando enfrentou o Cruzeiro e venceu as duas partidas com um futebol vistoso. Fernandão, que havia chegado para reforçar o elenco, se destacou e ajudou o time a se classificar para as semifinais, que só aconteceriam depois da Copa do Mundo.
A paralisação do Brasileiro e da competição continental por causa do Mundial, aliás, foi catastrófica para Gomes. Ele teve 40 dias para organizar o time e corrigir erros. Mas todo o trabalho feito durante este período não se refletiu no campo. O São Paulo voltou ao Brasileiro com uma campanha lamentável: uma vitória, um empate e três derrotas. Ainda restava a Libertadores. E se antes da Copa o Tricolor estava fortalecido pelas vitórias convincentes sobre o Cruzeiro, agora não era mais tão temível. O clube contratou Ricardo Oliveira, o que deu mais esperança ao torcedor. Washington foi embora.
Era hora de enfrentar o Internacional. No primeiro jogo, no Beira-Rio, o que se viu foi um Tricolor apático, que não conseguiu reagir diante do dono da casa. A vitória colorada por 1 a 0 foi até magra pelo que o visitante apresentou. Gomes foi muito criticado. E prometeu outra postura no jogo no Morumbi, no dia 6 de agosto. O São Paulo realmente mostrou muita vontade em casa e até venceu por 2 a 1. Mas o placar dava a vaga na final ao Inter. Era o fim da passagem de Ricardo Gomes pelo São Paulo.
ricardo gomes desolados são paulo libertadores
Ricardo Gomes e jogadores desolados após a eliminação do
 São Paulo na Libertadores (Foto: agência EFE)

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